Cebola é um prefeito que despreza a mediação política tradicional, tem objetividade e mantem um diálogo direto com a população, via redes sociais.
Muito se fala sobre o fenômeno João Dória – prefeito de São Paulo. Um político que conseguiu derrotar todos os poderosos da política paulista e mantém uma ótima aprovação popular. No mato Grosso, tem o João Cebola. Diferente de Dória, Cebola conhece de política; porém, age como se não conhecesse a política dos apoios e conchavos.
Como a maioria dos novos prefeitos eleitos em outubro do ano passado, o psdebista João Cebola, completou 15 meses no comando da Prefeitura de Nova Xavantina. Tempo suficiente para ele mostrar serviço. E é o que está fazendo.
Fenômeno nas redes sociais e inspiração para outros gestores municipais pelo estado, Cebola chega a esses 15 primeiros meses com uma aprovação de 73%, segundo pesquisa exclusiva do NX1 em parceria com empresários, com 335 pessoas no dia 05 de março.
Três questões básicas derivam desse cenário: O que explica a ascensão meteórica de João Cebola diante da opinião pública? Ele tem fôlego para manter o mesmo ritmo de aprovação até o final do mandato? Tem culhões para apresentar e eleger seu sucessor?
A ascensão do João Cebola deve ser entendida no contexto do fracasso do Estado em termos mundiais. A crise da política é, na verdade, uma crise das máquinas estatais que não estão conseguindo levar políticas públicas adequadas para populações urbanas.
No caso brasileiro, além dessa crise, você tem o fato que o Estado é excessivamente centralizador e deixa estados e municípios à míngua.
A população de Nova Xavantina, historicamente, sempre está interessada em propostas de boa administração pública. Cebola, como homem conhecedor de marketing e conhecedor da história política local, se lançou como uma pessoa que não repetiria a política tradicional — à semelhança de alguns ex-prefeitos que governaram para um pequeno grupo de puxa-sacos.
Para isso, ele usa muitas técnicas de marketing político. A estratégia de marketing do Cebola é pensar no eleitor que quer bons serviços. É como se ele fizesse a fusão do eleitor com o consumidor, que habita o mundo do mercado. Ele se apresenta como um instrumento para realizar o que é preciso nessa situação de carência de bons serviços públicos.
Cebola foi uma novidade, e se apresentou como gestor trabalhador distante da política. Nesse contexto, Cebola tem sido apontado como capaz de transcender sua vitória e, até mesmo, seu padrinho Gercino. Bem avaliado, a despeito de ter 15 meses no poder e ancorar-se em propaganda, seu nome passou a figurar como um novo líder político; espaço vago desde a renúncia do ex-prefeito Gercino.
Não basta ser prefeito. Tem que ser líder. E Cebola aprendeu rápido. O fato é que o prefeito propagandeia muito, municipaliza atitudes, se mostra apressado em um universo público lento e, a despeito de colher simpatias, pode colecionar ansiedade e fracassos, sobretudo em termos do ritmo que deseja impor. Exemplo disso foi a pressa para apresentar o novo asfalto da avenida Mato Grosso. (Secretário foi demitido por errar no excesso de lama asfaltica na Av. Mato Grosso).
De posse desse diagnóstico, Cebola passou a ter respostas para tudo e se apresenta como o prefeito-trabalhador; sua popularidade pode ser explicada pelo fato de ele estar respondendo de forma rápida a pelo menos duas das principais demandas: a manutenção e a limpeza da cidade por meio de ações como Cidade limpa, asfalto novo e a aplicação de multas aos proprietários de lotes sujos no município.
Todavia, ainda não se sabe o quanto essas ações em que Cebola vai bem serão sustentáveis ao longo do tempo. Muitos prefeitos querem entender o que acontece em Nova Xavantina para que possam tentar replicar em seus municípios. A gestão João Cebola ganhou dimensão estadual e, nesse momento, está colhendo os frutos desse sucesso repentino com o bordão de que muitos prefeitos querem ser Cebola. Se assim vai permanecer, apenas os resultados de gestão mais efetivos, e não baseados em ações de marketing, é que vão confirmar.
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