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Conselheiro Tutelar de NX aponta distorções na aplicação do ECA e fala em deixar o cargo

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Desapontado com o que chamou de  “ falta de aplicação” do ECA – Estatuto dos Direitos da Criança e do Adolescente na rede institucional  de assistência do município, do Estado e da Federação,  o Conselheiro Tutelar de Nova Xavantina, ator de teatro e animador infantil "Pimbim", Valdir Nunes Leal, disse ao site NX1 na última sexta feira, 03,  que pretende deixar o cargo, que é eletivo.

Sua opinião foi externada em recente trabalho de conclusão de curso de aperfeiçoamento de Conselheiros ministrado em Cuiabá.

DISTORSÕES

Segundo o Conselheiro, o problema está no não reconhecimento por parte dos agentes da rede assistencial do município –Assistência Social, Ministério Público, Defensoria Pública e Juízo da Comarca; do artigo 203 da Constituição, que prevê o atendimento físico aos necessitados dos programas sociais do Governo,  à Assistência Social do município, Estado e União.

Segundo Valdir, pela inobservância deste preceito,  há o desvio de funções, tarefas e serviços para o Conselho Tutelar, através de encaminhamentos judiciais; encaminhamentos estes para os quais o Conselho Tutelar não está preparado para desempenhar, segundo Valdir, nem seria de sua competência fazê-lo.

O Conselheiro cita exemplos como funções policiais, de transportes de presos menores, de prevenção à contravenções, etc, entre outras tarefas que são transferidas irregularmente para os Conselhos Tutelares.

“O Conselho só executa o que está no Estatuto (ECA), que é manter e zelar pelos direitos das crianças e adolescentes, e somente quando estes direitos estejam sendo violados, é que é solicitado ou transferido o atendimento para o setor da rede correspondente” diz .

Para ele, hoje, Promotores de Justiça, Delegados, Juízes das Comarcas, delegam para os Conselhos funções que não são suas, e sim, do próprio órgão solicitador do serviço.

O BILHETINHO DO JUÍZ

Valdir compara a situação jurídica atual, lembrando do cenário antes do advento da Constituição de 1.988, quando a figura do Juiz de Menor e suas decisões, é que desencadeava a ação da rede.

“Hoje estão querendo transferir este Poder para os Conselhos Tutelares, como porta de entrada para o atendimento à criança e ao adolescente, o que é um poder que nós não temos.” disse, salientando que essa discrepância de atuações, o está fazendo pensar em deixar o cargo de Conselheiro.

“Simplesmente não dá para trabalhar assim” colocou.

Conselheiros Tutelares são eleitos democraticamente entre a comunidade, com mandatos para quatro anos.

Em Nova Xavantina, a cada quatro anos, cinco novos conselheiros são eleitos ou se reelegem, com salários em torno de R$ 1.500,00 pagos pela Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal de Assistência Social.

O turno de trabalho é, em geral, vinte quatro horas por dia, sete dias por semana e trinta dias no mês, pois mesmo fora dos plantões, são chamados a intervir se a ocorrência assim o exigir.

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